cá estamos
abismo do medo
estrelado na beleza do cosmo
cortado por pontes
de promessas nunca feitas
com o sopro do vento
recebemos diversos sinais do destino
para não temer tal precipício assassino
constantemente esquecemos de nossas asas
talvez por conta das quedas
e das penas cortadas
ficamos nos olhando
pois não podemos ver a nós mesmos
qualquer risco é cego
qualquer tentativa um risco
e qualquer olhar uma tentativa
sabemos bem,
talvez por pura intuição
que entre nós
rapidamente
tudo mudaria de proporção
somos filhos da lua
sendo fácil perceber em nós o vosso brilho
mas nossa carne é feita de passado
e nossa alma de futuros perdidos
não é química, chega a ser física quântica
só de experimentar alteraria seu significado
é um estar; não estando
o infinito da brevidade de um segundo
lapso momentâneo de intensa eternidade
de tanta perfeição
não provamos nem um laço
ao menos pudesse
sentir teu abraço
esqueça a irreconciliável leveza
somos seres pesados
procuramos pesos grandes demais
para se carregar planando
por mais que nosso horizonte
seja bem desenhado
e nosso panorama
linearmente plano
de pés no chão
e cabeça nas nuvens
com solidez almejando o imperecível
somos seres de outro nível de façanha
de coração suave e breve
tal qual uma montanha
.