quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Flagelo das sombas

Moon - Tomohide Ikeya


Sofro de um mal sem cura
Não tem médico que diagnostique
Não há curandeiro que resolva
Nem santo que expurgue com milagre

Já tentei toda sorte de alopatas
Inexiste terapia que descomplique
Me afogando em doses homeopáticas
Procurei em mim o antídoto do veneno

Quanto mais vasculho, mais intoxicado fico
Não sou o primeiro a sofrer por isso
Nem mesmo o último por isso morrer
Estou infectado com o parasita sem nome

Sutil como uma poderosa bactéria
Resistente como um vírus ou uma ideia
Se alastra por todos meus nervos
Envolvendo meu coração e cérebro

Droga potencializada por emoções
Emoções alimentadas por memórias
Memórias sustentadas pelo futuro
Futuro faminto por perspectivas

Não fora sexualmente transmitida
Tampouco adquirida pelo ambiente
Há muito tempo em minha alma plantada
Cresce forte com o tempo, paciente

Tempo este, cruel e traidor
Relativo quando lhe interessa
Absoluto para despertar pavor
Brincando com sua foice sem pressa

No terreno já seco e desabitado
A praga se desenvolve livre
O arado se encontra abandonado
A terra aos poucos não é mais fértil

Sua poda está atrasada
As raízes já se fazem profundas
Finos ramos pretos se espalham feito veias
Grossos fios negros de cabelos enrolados

Ao horizonte apenas a tempestade redentora
Rego o silvado com a cinza água pútrida
É o que posso juntar da sujeira do céu
E das profundeza líquida das pedras

Em meio a escuridão então percebo
Há todo um novo habitat obscuro
Que ainda assim se faz fluído
Soturno, porém vívido e belo

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