segunda-feira, 28 de maio de 2012

Garota das penas negras



Inconstante, inquieta, a garota de olhar penetrante e lábios pequenos cogita o quanto se desperdiça.
As vezes suas penas manchadas pela vida parecem espinhos, Schopenhauer sabe bem.
A necessidade de se sentir viva a torna impaciente, se apegando ao que a faz sentir, seja o que for.
A dor acorda de qualquer ilusão, ela que o diga, guardando suas dores em frascos e tomando em doses homeopáticas.
Ela transforma tudo aquilo em pérolas, fechada dentro de sua concha.
Transparece uma segurança e frieza que dão medo.
É defesa. É teste. É provação.
Mas não se limita a tal.
É um temporal.
É chuva pro bem e pro mal. ...com medo da calmaria.
Sabendo o quanto a vida é inconstante tenta fugir das utopias.
Não se mistura ao todo, não se mantém presa ao chão e não se perde no ar.
Voa inconstante tentando se achar.
Parece pequena esta ave, mas possui um semblante poderoso.
Conserva um fogo muito maior.
Tudo o que quer é não ficar pior.
Não mais.
Nevermore.

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